Nos anos 80, ainda antes da atual "moda" da gaita de foles, começámos, com a colaboração do amigo Sérgio Pereira, a participar nalgumas atividades de caráter popular, retomando a tradição estremenha do gaiteiro, que na altura se mantinha ainda viva mais a sul, mas que na região das Caldas da Rainha se tinha já perdido.
Para isso tentámos reconstituir o reportório tradicional dos gaiteiros da Estremadura, socorrendo-nos do pouco que estava publicado nas recolhas etnomusicológicas, quer em disco quer em livro, e contando também com o conhecimento dos gaiteiros da região de Torres Vedras ainda em atividade e a com valiosa colaboração do etnomusicólogo José Alberto Sardinha.
Daí para cá temos continuado a participar em manifestações populares de caráter religioso ou profano — círios, procissões, arraiais, peditórios —, mantendo sempre a preocupação de apresentar um reportório genuinamente estremenho. A este propósito têm-se juntado alguns novos músicos da região, que assim ajudam a combater a colagem sistemática dos novos gaiteiros aos reportórios galego e transmontano, a que reconhecemos o inegável mérito, mas sem que isso justifique a substituição dos reportórios locais que, mesmo que musicalmente menos significativos, representam um património a preservar.
